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lembre-se de nós, os tantos que somos com você.

lembre-se de tudo que estava, esteve e estará à tua volta.

lembre-se do futuro que ainda há de vir.

 

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Reativar ciclos e histórias nem sempre é um trabalho fácil. Como é olhar pra trás e pensar como seguir em frente. Como é olhar pra frente e ainda não saber as condições que teremos pra continuar? Em 2020/2021 esse foi nosso desafio, reativar a força criadora do IMP, mas desapegar dos modos de trabalho, (re)entender as presenças, atualizar os formatos, desautomatizar os movimentos e buscar novos ares para a formação deste núcleo. Se unir a outras pessoas no desejo de construir um novo território de jogo e criação. Foi assim que esta edição do IMP se desenhou, com olhares em frames, com quedas de conexões, com corpos recortados por quadradinhos, mas que transbordavam para além dos limites da tela em movimento e vontade de dançar. 

Presenças se cruzaram pela primeira vez num espaço ainda desconhecido, e ali construíram intimidade e coletividade.

Lançamo-nos então, virtualmente, em busca deste desconhecido movimento particular, o dentro e o fora, o individual e o colaborativo, o sujeito e não sujeito, as identidades e o constante borrar delas. Foram 15 meses de muitos encontros, escritas, oficinas, orientações, interlocuções e mostras de processos. Uma edição feita de experiências e experimentos. Vídeo-dança? Site? Corpo ao vivo? Transmissão ao vivo? Transmissão de trabalho gravado? Dança palavra? Dança voz? 

Sim, a dança, arredia, encontra meios de continuar acontecendo.

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Reunimos aqui neste website/mural virtual uma pequena parte de um tanto de perguntas que nos lançamos neste período juntas. Tentativa de imaginar futuros, corporificar presentes e registrar o que um dia pode vir a ser passado (será?). Nada muito cronológico, tudo bagunçado entre tantas janelas, links, hiperlinks e desejo de encontro. Um arquivo-rede-corpos em processo, em modificação constante e com perguntas não resolvidas, e, por isso mesmo, latentes. Conexão entre as pesquisadoras do IMP, mas também conexão com quem mais se interessar. Nossa forma de registrar, organizar, escrever, dançar nossas vidas/processo/arte/criação (tudo misturado mesmo). Um convite à navegação do movimento particular.

Todes a bordo?

Materiais escritos/desenhados/fotografados/filmados/dançados por:
Ádia Anselmi
Bia Figueiredo
Cadu Cinelli
Camila Cequinel
Eraldo Alves
Greice Barros
Leonardo Taques
Naiara Parolin Bastos

Provocações de escrita e organização: Gabriel Machado
Design e programação: Thalita Sejanes

Equipe IMP
Orientação geral e coordenação: Juliana Adur
Orientação: Maira Lour e Gabriel Machado
Direção de produção e coordenação: Cindy Napoli

 

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Minha casa    são    meus    retratos

minha    casa    é    meu    martelo

minha    casa    é    meu    manuscrito

minha    casa    é    meu    colar

de    contas    verdes    de    vidro

tiraram-me    tudo

e    no    entanto    me    sobra    muito

minha    casa    é    teu    cabelo    cinza

meu    casaco    de    feltro

meu    amor    esfacelando-se

minha    casa    é    meu    cansaço,    minha    miopia

minha    artrite,    a    criança    que    fui    e    sigo

sendo,    minha    casa    é    a    memória    da    casa

demolida,    o    cão    que    eu    não    tive

a    parte    que    não    entendo

no    poema    que    traduzi

minha    casa    é    o    mar

aberto

minha    casa    é    aquele    mergulho    aquele    dia

quando    o    pequeno    cardume    de    peixes    listrados

de    amarelo    atravessou    ali    bem    na    nossa    frente

minha    casa    é    a    árvore

em    frente    à    casa

o    muro    contra    o    qual

nos    beijamos

minha    casa    é    minha    coleção

de    cacos

meu    hábito    de    perder

as    chaves

a    pequena    canção

de    antes    de    eu    nascer

o    modo    como    cresci

e    aquela    canção    não    cresceu

minha    casa    é    meu    passaporte

minha    casa    é    minha    língua

estrangeira

fronteiras    que    me

cruzaram

minha    casa    é    meu    peso

minha    idade

o    nome    da    cidade

em    que    te    conheci

a    roupa    que    então    vestias

sim

onde    moro

ainda

minha    casa    é    o    cão    de    rua

que    não    é    meu,    que    apenas    acontece de    estar    ali

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Como

pode

meu corpo

alcançar

o seu?

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o buraco não se importa de estar furado. pro buraco ele não sabe. o buraco nem sempre quer que mexam com ele. o buraco nem sempre é feito para por sementes ou plantas, às vezes é melhor adubar. pro buraco ele é completo, você é que vê a ausência nele. o buraco nem sempre é escuro, às vezes tem luz do outro lado mas aí talvez isso configure canudinho.

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Buraco

eu fiquei tentando ser o buraco

e pensar como ele

e ser do que ele é feito

mas deu que o buraco não

pensa como eu

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Colapso                              correr fugir
              correr suar tremer colapsar
        correr mais um pouco fugir? 
Livrar, espantar, escapar, se livrar 

Talvez soltar deixar isso deixar será? Fatigar até colapsar livrar liberar deixar no tempo com o tempo. 
será?    imensidão do vazio/ invadir cair levantar no tempo com o tempo o corpo está em quem? é de quem? 
duvidar do que move e é movido. 
correr de quê me constitui? 
dor respirar marcadores simbólicos me movem no tempo em que corro será? que tempo de corpo se tem correndo? 
livrar desapegar chão eu não. 
no chão com o chão meu nosso. 
joelhos não se dobram em dor destruição colapso correr oxigenar dançar.

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Um inventário do tempo que corre no corpo do corpo será. 

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laço

eu começo no laço com uma música que me laça, mas não sei se laço prende. porque a música que me laça, acaba que me solta, aí eu fico confusa. mas tudo bem. daí eu penso no buraco e por algum motivo oculto buraco me lembra pedra. eu lembro de uma pedra que eu trouxe de um outro oceano, que fica mais perto de um outro continente. eu trouxe ela de lá e essa pedra… bom, essa pedra tem um buraco. eu penso que me arrependi de trazer ela do mar de lá. ela está aqui sentada ao lado do meu potinho de clips olhando pra mim, ela deve entender de peixes, de sal, de mergulho submarino, não de mãos que batem em teclas de plástico com símbolos esquisitos. ela deve achar entediante e uma vida bem seca. eu trouxe ela pra cá igual quando a gente vê um cachorro na praia e adota, daí a gente traz para morar na cidade. bicho devia viver solto e a gente também. então tem laço que prende e laço que solta. 

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?

a pedra é um buraco?
o mundo é o buraco da pedra?

 



meu centro está empoeirado
são camadas de poeira acumuladas
como a terra feita pelos séculos
eu vibro quando vibra esse pó

impulso

alguma coisa que me atravesse. alguma coisa que me impulsione em direção a mim. algum chute, corte, voadora. alguma asa. algum projeto em forma de pássaro. esse impulso de não parar de pensar em sair do meu corpo. como um corpo pode sair do meu corpo em forma de algo que seja abstrato o bastante para comunicar algo que não seja comunicável.

pele

a pele me fala do espaço, do arrepio.
eu falo sobre o toque e a pela fala sobre o contato.
a pele se espalha sobre mim, me esfria, me esquenta. minha camada, minha superfície.  minha capa nesse mundo.
a minha pela está no espaço. a pele desliza sobre mim. 
o mundo se espalha sobre a minha pele.

espaço

dessa pele pra dentro e um pouco pra fora: esse é meu continente.
nesse território ninguém tem direitos.

caminho

a dúvida não pode ser apenas a ausência de fé. eu preferia estar em uma montanha, mas escalar não é fácil pra quem tem braços frágeis. acordei com a imagem da cordilheira e acabei confundindo ela com a minha coluna. um pico de gelo para cada vértebra. estou escalando em uma sala minúscula e meu pensamento é tão frenético que vai por tantas partes que a montanha é tão infinita que o cansaço é tão evidente que meus pés ficam doloridos e geleados que eu nem sei como que cabe tanta coisa. na sala, em mim, no espaço, no movimento, na montanha.

dança

danço um pouco de terra que levanta do chão com o vento. danço a sabedoria de pedra dormida no fundo da montanha. o movimento parte desse contido. desse ar sutil que eleva tudo. dessa poeira cômoda parte um pequeno redemoinho.
essa dança.
um corpo se levanta. nós subimos a montanha formada por tantas de nós. dormimos e sonhamos o mesmo sonho.

 

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Me interessa estar viva, sentir a mão trêmula, de colocar os sentimentos para fora, respirar e sentir o ar encher os meus pulmões , me interessa sentir o cheiro da comida, me interessa soltar a angústia que estou sentindo, me interessa organizar  a minha rotina e conseguir fazer as coisas que me propus  e me dão prazer, mas tenho preguiça de começar, me interessa mergulhar em uma banheira quente e sentir a água cobrir o meu corpo, me interessa falar o que eu sinto para entender o que sinto, me interessa as perdas que doem mas trazem mais valor ao que temos , me interessa tomar um chá quente e sentir aquecer todo meu organismo ,me interessa estar aqui agora , me interessa perceber que não estou bem mas que o tempo vai organizar as coisas 

O mundo é o buraco. fluxo do tempo do mundo. apoio e me Movimento Sem Fim. sem interrupção. sentir o corpo novamente. são braços as pernas que me fazem apoiar no ar são pernas os braços que me fazem segurar o chão. vice e versa . O corpo como Morada de sustentação. somos corpos,  somos corpos. saudade.

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